sábado, 20 de dezembro de 2008

Aldir Mendes


Aldir Mendes de Sousa
São Paulo/SP, Brasil, 17/05/1941
São Paulo/SP, Brasil, 12/02/2007
Pintor, desenhista, gravador, escultor, objetista e cineasta.
Assinava ALDIR.

Nota Biográfica

Na primeira metade dos anos 1960, estuda Pintura e Desenho Artístico com Nair Mendes e estréia em 1962 no I Salão do Trabalho na Galeria das Folhas em São Paulo/SP. Forma-se Médico em 1964 pela Escola Paulista de Medicina em São Paulo e especializa-se em Cirurgia Plástica no Hospital das Clinicas em 1967. Autodidata em artes, desenvolve trabalhos nas áreas de pintura, desenho, gravura, escultura e cinema. Inicialmente, demonstra que “a radiologia abre novas possibilidades para a Arte, permitindo combinar a imagem externa com a estrutura interior”. A partir de 1969 elege o cafeeiro como símbolo da natureza e o representa como uma figura circular de contornos sinuosos. Do cafeeiro surge o cafezal, formado pela disposição regular do arbusto em fileiras. A seriação da figura leva-o à perspectiva e suas sínteses formais, à geometrização. Nos anos 1970 desenvolve extensa obra, com referência ao campo e à cidade, culminando em 1979 com uma exposição baseada na arquitetura, quando explora o formato retangular das janelas.
Em 1980, desenvolve uma série de pinturas abstratas geométricas a partir da figura do retângulo. Em 1982, comemora 20 anos de pintura apresentando individual no Museu de Arte Brasileira em São Paulo/SP, ocasião em que é lançado o livro Aldir, Geometria da Cor, uma síntese da sua pintura abstrata dos anos 1980 e da paisagem rural. Na época, seu tema é Cidade x Campo, apresentando formas despojadas, ainda sob os efeitos dos trabalhos abstratos. Em 1985, apresenta Geometria, uma síntese da pintura abstrata de 1980 e da paisagem rural. Utiliza, a partir de então, o retângulo em perspectiva obliqua como símbolo e elimina a linha do horizonte de suas paisagens. Propõe a horizontalização da pintura em 1987 e possibilita ao observador uma visão em cima das obras. Sobre a sintetização da paisagem, explica: “As paisagens que eu invento talvez não existam, mas são mais verdadeiras do que a própria realidade”. Em 1998, produz uma série de pinturas denominadas Arco-Íris com cores claras e aéreas, e re-introduz a linha do horizonte no conjunto das paisagens rurais. Em 1999, apresenta a série Quartetos. Desde que decidiu trilhar o caminho das artes plásticas, Aldir sempre pesquisou as mais diversas áreas possíveis, em busca de acrescentar algo mais ao seu universo imaginário. “Estudei a estruturação de formas no concreto armado, criando verdadeiras paisagens coloridas para pisos e paredes, numa técnica inovadora”, conta o artista.
De fato, Aldir faz grandes murais nos quais utiliza pigmentos com alto poder de coloração em base de concreto e, com esse tipo de material, transpõe suas pinturas horizontalmente. É a maneira que o artista encontra para retirar a paisagem da parede, trocando a tela pelo cimento, inventando pisos cromáticos e poéticos. A técnica utilizada para essas obras é simples para quem domina o assunto: trata-se de aplicar cor ao concreto e, através dessa massa diferenciada, criar espaços geometrizados. O cinza frio e neutro é substituído por intenso jogo de cores e formas. “Eu não queria ficar mais só em telas e acabei levando meu trabalho para o chão. É uma experiência fantástica porque se você olhar bem do alto, poderá imaginar que está sobrevoando a paisagem”, define o artista. Sobre sua exposição Pinturas para Pisar em 2001 na Pinacoteca do Estado de São Paulo, esclarece: “Ao observar dois quadros que ficaram ocasionalmente lado a lado no chão do ateliê, percebi que o desenho de um deles se ligava ao outro. Passei, então, a colocar vários quadros enfileirados e novos jogos ópticos imprevisíveis foram surgindo. Depois de pesquisar a melhor maneira para agrupar os conjuntos de pinturas, concluí que a formação mais adequada era a de quadros que, colocados em convergência de seus pontos de fuga, criavam novos centros ópticos e novas trajetórias cromáticas.
Planejando os quartetos, consegui resultados inesperados. Fiquei surpreso com o conjunto porque pictoricamente era mais criativo que seus componentes, comprovando a teoria da gestalt, de que o todo é mais do que a soma das partes. A trajetória da primeira cor cria o desenho, as cores complementares são aplicadas a seguir, tendo como objetivo a criação de contrastes cromáticos. O propósito é seguir o que Goethe pregou: ‘Não existe na natureza nenhum fenômeno que englobe a totalidade cromática; portanto, a mais bela harmonia é o diagrama cromático produzido pelo homem’. É lógico que a idéia de se colocar muitas cores na pintura é uma pretensão ousada, mas esta é a proposta da minha pesquisa”. Posteriormente, desenvolve quatro pinturas em peça única, trabalhando em fibra de madeira. Depois de seca, a obra é revestida com plástico transparente, permitindo que o público ande descalço sobre ela, sentindo o trabalho com os pés. Com o desenvolvimento do projeto Pinturas para Pisar, ocorre a idéia de criar um balé performático inspirado no tema. As imagens das paisagens aéreas são projetadas no corpo, em objetos e em tecidos brancos apresentados e sustentados por bailarinas que dançam ao som de poemas concretistas declamados e musicados. Assim, surge uma nova forma escultórica, com a integração da dança, música, poesia escultura e pintura, servindo esta última como base e motivação inspiradora da performance.
A “pintura para pisar” possibilita ao público ter novas experiências sensoriais, mas jamais substituirá a “pintura para ver”, que também será mostrada em composições de oito quadros montados na posição vertical. Na manhã de 12 de fevereiro de 2006, após 15 meses de luta contra a leucemia, o artista vem a falecer precocemente, aos 65 anos de idade, no Hospital Oswaldo Cruz em São Paulo/SP.

VER MAIS:

http://www.juliolouzada.com.br/pg_exponline.asp?n=6

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